O ano de 2024 na Educação do Acre foi de continuidade das diversas ações iniciadas logo no começo da atual gestão de governo. A Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) contou com um orçamento de mais de 1,8 bilhões de reais, administrou mais de 600 escolas, atendeu cerca de 150 mil alunos e contou com a colaboração de 16.766 servidores. Para além dos números e programas, 2024 foi um ano de muito trabalho dedicado a cuidar das pessoas. A cada projeto desenvolvido, foram e continuam sendo escritas histórias de superação, aprendizado e transformação.
“A educação é a base sobre a qual se constrói um futuro mais justo, inclusivo e promissor. Este ano planejamos e investimos olhando para o futuro dos nossos alunos, buscando a possibilidade de mudanças significativas e garantindo que o aprendizado vá além da sala de aula”, avalia o secretário de Estado de Educação, Aberson Carvalho.
Nesta retrospectiva, algumas histórias marcantes ilustram como as ações da SEE impactaram vidas em todo o estado.
Dona Laide estuda espanhol no meio da floresta: “Vejo as portas se abrindo”
Laide Rodrigues realizou um sonho em 2024. Aos 46 anos, a agente de saúde conseguiu estudar, pela primeira vez na vida, a língua espanhola, por meio do Projeto Centro de Estudo de Línguas a Distância (CEL/EaD).

Moradora da Comunidade Novo Destino, localizada a 300 km da área urbana de Sena Madureira, no interior do estado, Laide hoje consegue acompanhar as aulas transmitidas via internet diretamente de Rio Branco, do Centro de Mídias Educacionais do Acre (Cemeac), setor da SEE responsável pela criação de conteúdo audiovisual educacional.
Como agente de saúde, Laide sempre circulou pela comunidade. Há alguns anos, quando uma família de peruanos foi morar nas redondezas, ela sentiu a necessidade de se comunicar em outra língua: “Eu tentava falar com eles, mas não conseguia entender. Desde aquela época, fiquei com essa vontade de aprender o espanhol”.
Neste ano, quando a SEE abriu as matrículas dos cursos de espanhol e inglês para os municípios Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia e Acrelândia, beneficiando 420 pessoas, Laide aproveitou a oportunidade e, além de se inscrever, conseguiu matricular a filha, o cunhado e dois sobrinhos.
“É um sonho realizado. Hoje eu vejo as portas se abrindo. Aprender uma nova língua me faz sentir capaz. Hoje eu sonho em fazer uma faculdade de espanhol e, quando eu ouço a voz tão doce da professora, tenho vontade de aprender cada vez mais”, conta.
Daiana se aproxima da alimentação saudável: “Aprendi a amar brócolis e mingau de aveia”
Daiana Ferreira é uma jovem sonhadora da Escola Sebastião Pedrosa, de tempo integral, situada no bairro Comara, no Segundo Distrito de Rio Branco. Proveniente de uma família de baixa renda, a estudante conheceu na instituição outras perspectivas de vida, como cursos técnicos, acesso a tecnologia e alimentação balanceada, e hoje planeja um futuro brilhante.

“Eu sei que no futuro quero trabalhar com público, pode ser na área de segurança de trabalho, que é o curso técnico que faço hoje, pode ser na advocacia ou na educação, área em que eu tenho me apaixonado, graças aos meus professores”, partilha.
Conscientizando-se sobre a importância de uma alimentação balanceada, foi na escola que Daiana teve acesso a diversos alimentos e aprendeu a saboreá-los: “Aqui eu aprendi a amar brócolis e mingau de aveia. A alimentação da escola integral é importante pra gente, porque a escola é meio que a nossa casa”, compara.
A experiência de Daiana com a alimentação escolar é uma das narrativas entre as diversas dos quase 150 mil alunos das 620 escolas rede estadual. Durante os 200 dias letivos, são oferecidas duas refeições durante a semana para alunos de ensino parcial e três para os de ensino integral, com porções adequadas para cada faixa etária.
A elaboração do cardápio, que inclui frutas, mingaus, cuscuz com ovos, pão com queijo, bolacha e café com leite, além de refeições completas com arroz, feijão, macarrão, farofa, carne, frango, peixe, legumes e verduras, é feita por nutricionistas e prioriza alimentos orgânicos e minimamente processados, adaptando-se às necessidades nutricionais, aos costumes locais e à diversidade agrícola da região.
Para garantir uma alimentação escolar de qualidade, em 2024 o governo do Acre investiu R$ 40 milhões de recursos próprios e R$ 14 milhões provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Além disso, mais de 60% dos gêneros alimentícios adquiridos vêm da agricultura familiar, incentivada pela Resolução CD/FNDE nº 06/2020. Isso garante a valorização da produção local e da economia do estado, com produtos frescos e diversificados, como frutas, verduras, carnes e cereais.
“É tanto conhecimento que está à disposição da gente hoje, que isso faz a gente ter condições de sonhar”
A cabeleireira Suzana da Nóbrega não imaginava que voltar a estudar geraria uma guinada em sua vida profissional. Estudante de uma turma de Educação de Jovens e Adultos na Escola Paulo Freire, localizada no bairro Belo Jardim II, em Rio Branco, Suzana teve uma grata surpresa este ano, ao ter acesso gratuito a uma plataforma de cursos online.

Com o benefício, não perdeu tempo e concluiu dois cursos neste semestre: “Educação Financeira” e “Como se comunicar de forma efetiva no mercado de trabalho”. Agora, planeja fazer um terceiro curso, de designer gráfico.
“Quando comecei, não sabia nem quanto eu tirava no salão. Foi aí que pus em prática tudo o que falavam; aprendi a gerenciar meu trabalho e organizar a vida. Deu certo. Consegui pagar minhas contas e estou fechando o ano com uma pequena poupança”, relata.
Grávida, para 2025 Suzana planeja continuar economizando para cobrir o período de resguardo e investir na estrutura de seu pequeno estabelecimento, além de continuar os estudos na EJA. “Quando a gente vê a oportunidade, tem que agarrar. Eu não teria condições de pagar esses cursos. É tanto conhecimento que está à disposição da gente hoje, que isso faz a gente ter condições de sonhar”, diz.
O acesso gratuito aos cursos se deu graças à renovação e expansão do contrato da SEE com a empresa Mind Lab, referência internacional no desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais.
Em 2024, além dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, que já tinham acesso ao programa MenteInovadora, que fornece materiais de matemática, educação financeira e educação socioemocional, estudantes de diversas escolas que oferecem EJA no estado puderam usufruir do Projeto de Vida, que alia os recursos da empresa, via MenteInovadora, à plataforma da eduK, com mais de três mil cursos online.
Só no ensino fundamental, mais de 45 mil alunos de 147 escolas foram beneficiados, fruto de um investimento de R$ 18,4 milhões do Estado.